Desde os áureos tempos do cinema, quando famílias oriundas do leste europeu transformaram a sétima arte no que ela é até hoje, subdividindo em gêneros (faroeste, suspense, drama, ação, etc), com o claro intuito de tornar a arte mais acessível ao grande público e viável economicamente (realizado com bastante êxito, diga-se de passagem), nos deparamos na necessidade de catalogar e estabelecer compartimentos para designar alguma coisa.
Pois bem, com o rock nunca foi diferente e no caso deste texto trazemos o que a indústria tratou de rotular de “alternativo” – denominação para conceituar qualquer gênero que mescle o bom e velho rock com outros ritmos, digamos assim diferentes e até certo ponto conflitantes.
Cake se encaixa perfeitamente no que digo, pois mistura com maestria folk, country, jazz, rap e introduz vários instrumentos pouco utilizados no gênero, a exemplo do trompete de Vince Difiore e uma espécie de chocalho utilizado pelo vocalista John McCrea que somente descobri o nome quando pesquisei – vibraslap – intercalado nos meios das músicas e dão aquele toque peculiar da banda, junto do trompete, evidentemente.
Conheci a banda nos meados dos anos 90 (aliás década de profusão destas bandas, apesar de existir desde os anos 60, como se nota de Velvet Underground, Stoogies, MC5 etc) quando vi tocar ma MTV, uma versão inusitada de I Will Survival – clássico dos anos 70, da época disco, de Gloria Ganor, numa interpretação bem diferente e extremamente hipnotizante. A partir daquela versão fiquei muito interessado em conhecer a banda e adquiri o CD Fashion Nugget na CD Club. Confesso que de cara gostei do disco todo e passei a ouvir e comprar mais CDs do grupo americano de Sacramento, a exemplo dos bons álbuns Prolonging the Magic, Pressure Chief e Showroom of Compassion.
Fashion Nugget, segundo álbum da banda e primeiro que conheci é sensacional e destaco várias outras músicas como: Frank Sinatra, Daria, The Distance, It´s Coming Down, Nugget e como resistir as “esquisitas”, Race Car Ya Yas e Stakeshifts and Safety Belts, ou ainda outra versão – Perhaps, Perhaps, Perhaps.
Há quem diga que a banda é oito ou oitenta, sobretudo entre fãs de hard rock e Heavy Metal. Ou se adora ou se odeia. Fico no primeiro time e considero eles com aquela característica que pouquíssimas bandas possuem: uma identidade tão forte que até suas versões parecem músicas autorais. Se alguém puder conferir a versão de War Pigs, do Black Sabbath vai entender o que estou falando. Para mim, foi uma grata e adorável surpresa dos anos 90.
GODOY McCREA
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