
Conheci a banda Depeche Mode mais ou menos em 87, 88, quando fervilhava nas rádios uma canção intitulada Behind the Weel (do ótimo disco Music for the Masses), cujo alcance em terras tupiniquins e mais precisamente no universo das “boates” de Maceió, dava no meio da canela, como costumamos dizer quando algo acontece muitas vezes. Além do clássico mencionado, ainda tínhamos outras músicas mais antigas que vieram a reboque do estrondoso sucesso, a exemplo de Strange Love e tantas outras. Nesta época poderíamos dizer que faziam música eletrônica dançante e ligeiramente sombria, bebendo um pouco da fonte de bandas como Kraftewerk, Joy Division, Pet Shop Boys e New Order.
Neste período eu já curtia bastante a banda, mas nada se comparou quando lançaram o álbum Violator, de 1990. Eu considero um dos grandes lançamentos do ano e fez me tornar um fã ardoroso dos caras. Este disco deu uma guinada no som deles, tornando-os mais sombrios e inovando numa sonoridade própria e inconfundível a ponto de destacá-los logo nos primeiros acordes tocados.

A força das canções da bolacha, já de início me conquistaram com a poderosa Personal Jesus – esta música é o cartão de visitas do disco, nos mostrando a evolução da banda em todos os sentidos, sobretudo no andamento meio cadenciado e marcante, sem abandonar a gênese eletrônica, mas acrescentando novos elementos de rock gótico, pop e demonstrando acerto na produção ao lado do produtor Flood, que já havia produzido U2 e seu mega sucesso Joshua Tree. Além desta tremenda abertura, o disco ainda contava com várias músicas indeléveis como World in My Eyes – a combinação da música eletrônica e a bateria também eletrônica aliadas ao vocal inconfundível de David Grahan e os arranjos de Martin Gore, marcaram esta época genial da banda; Waiting for The Night – linda canção, com ares melancólicos e destaque para os vocais e as pitadas eletrônicas encaixadas nas horas certas; Policy of Truth – mais uma vez a bateria eletrônica mantém a pegada e os vocais estão magistralmente pronunciados numa crescente, com um refrão grudento e destacado.

Deixei por último e não à toa – Enjoy the Silence, afinal reservei o título deste texto para esta canção, cujo timbre e batida me fizeram um discípulo da banda e adorador desta música em especial, a ponto de quando a conheci escutá-la sem parar e ainda assim querer mais. Não tenho a menor dúvida em dizer que é a melhor música do Depeche Mode e defini-los para sempre no panteão da história da música. Tudo aqui cai como uma luva: arranjos eletrônicos, batida e vocais na medida certa e o refrão capaz de conduzir milhares de pessoas a entoarem a pleno pulmões e exaltar aquele momento de plenitude. Uma obra prima do rock, graças ao tecladista, guitarrista, compositor e letrista Martin Gore (que de vez em quando ainda canta) e ao excelente vocalista David Grahan. Ouçam sem parar e sem medo de ser feliz o disco inteiro, e se puderem várias vezes seguidamente Enjoy the Silence. A partir desta mudança no som da banda, ainda fizeram em sequência mais dois grandes álbuns: Songs of Faifh e Devotion (1993) e Ultra (1997).
DEPECHE GODOY
Commenti