Se existe uma unanimidade no âmbito do rock nacional é que os anos 80 (sim, sempre eles) foi o período mais producente do gênero. Na década, vimos surgir ou se consolidar diversas bandas, tais como: Paralamas do Sucesso, Titãs, Kid Abelha, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Lobão, Barão Vermelho, Ira, Camisa de Vênus, Plebe Rude e tantas outras. Estas bandas dividiam os programas de auditório, como Chacrinha e Globo de Ouro, com medalhões da MPB, Pagode e outros estilos populares. Ao contrário do que acontece hoje em dia, o rock brazuca tinha espaço no Brasil todo, inclusive, em nossa amada capital alagoana. Em meados dos anos 80, implantaram um festival em Maceió, chamado Esquenta Verão, que reunia as bandas de destaque no cenário do rock brasileiro. O referido evento era realizado no Bairro de Pajuçara, nas proximidades do atual espaço multieventos e contava com atrações de renome do cenário da época. Eu fui a diversos shows, e apreciava bastante os espetáculos ao vivo em especial de duas bandas que todos os anos compareciam, Titãs e Lobão. Os primeiros, naquela ocasião, faziam um show muito competente e legal. Naquele tempo, contavam com a formação original completa: Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Sérgio Brito, Branco Melo, Nando Reis, Tony Beloto, Marcelo Fromer e Charles Gavin. A apresentação dos Titãs era realmente impactante, eu adorava aquela forma como eles dividiam as atenções durante as apresentações em blocos individuais. Afinal, 05 integrantes cantavam (Sérgio Brito, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Branco Melo e Nando Reis). Um vocalista cantava suas músicas e depois entrava o outro. Portanto, era como se fossem cinco apresentações diferentes, cada uma com suas peculiaridades individuais de cada membro “cantor”. A presença de palco dos caras era extremamente rica, Arnaldo Antunes um caso à parte, parecia um robô, com sua forma de dançar, mas todos se destacavam e faziam algo que até hoje acho o diferencial deles, o backing vocals marcante, como não lembrar de músicas como Bichos Escrotos, Polícia, Homem Primata, Comida, Desordem, Jesus não tem dentes no país dos banguelas, Armas pra Lutar, O Pulso e tantas outras. Lembro de um episódio bem rock’n’roll envolvendo os Titãs que ocorreu quando ia à Viçosa – Município do interior de Alagoas onde possuo parentes, com minha amada e saudosa mãe. Estávamos no caminho da referida “metrópole”, quando resolvi colocar uma fita no “roadstar” que tinha acabado de gravar no “três em um” gradiente que havia em casa. Lá pelas tantas, começou a tocar uma música chamada Igreja, dos caras, cuja letra é digamos assim... um pouco ofensiva aos cristãos em geral, afinal ela diz, dentre outras coisas: “....não gosto de padre, não gosto de madre, não gosto de frei, não gosto de bispo, não gosto de Cristo, não tem religião...” Apesar de não perceber logo de cara, minha digníssima genitora, ao notar, olhou pra mim como quem olha para encarnação do demo e mandou tirar aquela heresia maledicente imediatamente do toca fitas (muito rock’n’roll isso), não sem antes me dar uma lição de moral. O que prontamente atendi. Pois eu era roqueiro, não doido!! Voltando ao show, realmente era muito legal mesmo, ver os Titãs no palco, muita atitude, animação e postura de toda a galera. Essa banda me marcou muito e ainda hoje escuto. Muito bom assisti a trupe completa. No caso do Lobão, lembro particularmente de um show no campo do CRB, onde boa parte de Maceió sequer chegou a adentrar ao evento, tendo em vista que a polícia resolveu, “inadvertidamente”, proceder a um “baculejo” nos roqueiros antes de entrar, o que culminou na “prisão em flagrante” de diversas pessoas que portavam consigo, um subterfúgio para acompanhar a apresentação do artista mencionado: loló... Não se sabe exatamente o porquê do volume de apreensões, se era por conta da empolgação mesmo, ou pelo fato da atração ter sido recentemente presa pelo uso de drogas. Bem, polêmicas de lado, o fato é que os shows do Lobão eram extremamente profissionais e incendiários. E não foi diferente, clássicos do cancioneiro nacional como: Me chama, Vida Bandida, Rádio Blá, Blá, Revanche, Canos Silenciosos, Vida Louca Vida (muito conhecida na voz de Cazuza, mas prefiro com Lobão) e tantas outras foram entoadas de forma magistral pelo polêmico cantor, muito embora o astro tenha atrasado o início do show (umas duas horas pelo menos), o que gerou uma reação da plateia em atirar latinhas de cerveja no palco. Outra frustração de parte da galera, foi devido ao incidente na entrada envolvendo a polícia, que ficou sem o fliperama no "quengo", os efeitos especiais do zumbido nas orelhas e a ausência da zuada dos helicópteros... Sem sombra de dúvidas, àquela década foi muito marcante e importante para o rock nacional, e com certeza deixei de mencionar diversas bandas bem legais, mas oportunamente falarei sobre elas. E aí? Lembram do evento?! Algum show marcante do Esquenta Verão que valeu a pena para vocês ou de algum outro realizado na região?
GODOY BRAZUCA
Esquenta Verão de 1989 na Pajuçara pra mim é inesquecível. Os Titãs foi a primeira banda.
Lembro de ter ido a um esquenta verão do campo do CRB no auge dos Titãs e paralamas. Show naquela época era só no verão e de 15 em 15 dias