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Foto do escritorFernando Godoy

FESTA PUNK - OS PRIMÓRDIOS DO ROCK

Atualizado: 10 de nov. de 2022


Me considero um amante do rock’n’roll e de todas as suas vertentes, com ênfase no hard rock/heavy metal, portanto com um nível de “conhecimento” e adoração bastante reduzido, porém devido algumas cobranças de alguns amigos, resolvi me atrever a escrever acerca do punk. Peço logo, antecipadamente, perdão aos eventuais aventureiros leitores pelas heresias que cometo ao gênero, que reconheço possuir um arsenal de fervorosos fãs mundo afora e também à galera daqui da coluna Esparro, essa sim verdadeira expert no tema.

O punk nacional surgiu no final dos anos 70 e teve seu breve apogeu no início dos anos 80, principalmente em São Paulo, tanto na capital como no ABC. Ainda surgiram bandas em Porto Alegre, Salvador e Brasília (com destaque para o Aborto Elétrico, embrião do Legião Urbana e Capital Inicial e Plebe Rude) e Curitiba. Mas foi em São Paulo que o movimento teve maior destaque tanto pela quantidade de bandas, shows e estética,quanto pela representatividade dos jovens desempregados, office boys e tabalhadores de chão de fábrica. Traziam, como não poderia deixar de ser, uma mensagem crítica anti-sistema e bem agressiva. Vale ressaltar um trecho do manifesto punk escrito pelo Clemente Tadeu, líder dos Inocentes:

“Nós estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira, para dizer a verdade sem disfarces (e não tornar bela a imunda realidade): para pintar de negro a Asa Branca, atrasar o Trem das Onze, pisar sobre as flores do Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer”.

Genial, não?

Feitas as considerações, de cara admito que o punk nacional teve mais impacto em minha pessoa do quê o inglês e americano, apesar de gostar bastante de The Clash e Ramones. Mas vamos ao que realmente me marcou no punk nacional.

Nos anos 80, em pleno fervilhar do fenômeno do rock nacional, pude observar e conhecer algumas bandas que marcaram minha infância e adolescência. Começando pelo começo, lembro no Colégio Montessoriano, onde estudei até o ano de 1986, quando recebi emprestado uma fita cassete do amigo e irmão Alexandre Hamilton, vulgo Badalo, por volta do ano de 1984 ou 1985. Na referida fita, ou melhor dizendo na “plataforma” daquela época, constava de um lado Pink Floyd e do outro uma banda nacional que sequer sabíamos o nome, mas havia uma música bem pesada, rápida e suja cujo trecho que recordo como se fosse hj dizia: “...parasita, parasita, você vive às custas de mim...parasita, parasita!!”



Um moleque de 11 ou 12 anos escutando aquele troço de forma crua e direta exerceu em mim uma empatia de cara, haja vista o impacto da música tão “esquisita”, mas bem legal na minha ótica daquele tempo. Pois bem, jamais descobri de quem era aquela música. A partir daquela dia e com o andar da carruagem no mundo roqueiro, passei a escutar várias bandas na mesma linha. Os companheiros apreciadores do punk da época eram a galera da Jatiúca – Amélia Rosa: Du, Vitão, Sapo e outros. Nossas farras sempre tinha Inocentes, Plebe Rude, Garotos Podres e tantas outras tocando alto nas fitas k-7s no toca fita Roadstar.

Ficou gravado em minha mente e no imaginário um disco dos Garotos Podres que tinha um bebê na capa (Mais podres do que nunca) e algumas músicas bem marcantes a exemplo de: Vou fazer cocô, cuja letra é impagável: “....enquanto você de paletó e gravata aparece na TV e diz coisas que não consigo etender. O que que eu faço?? Vou fazer cocô...” ; Papai Noel Velho Batuta e Anarkia Oi!



Outro fenomenal marco para mim foi Replicantes e com músicas como Surfista Calhorda (letra massa e divertida), Nicotina e uma das mais legais: Festa Punk e tantas outras. Tinha as de letras bem “cabeça” e de melhor instrumental e produção, ao menos para esse que vos escreve: Inocentes e suas icônicas canções: Pátria Amada e Expresso do Oriente.

Havia várias bandas que me marcaram também, como Camisa de Vênus que, sem sombra de dúvidas foi a maior pra mim e cheguei a escrever (Bota Pra Fuder!!) sobre a experiência acerca de um show que assisti no Trapichão. Finalizo com duas que não eram tão conhecidas mas pude conhecer graças à galera da Jatiúca que falei. Foram elas, Detrito Federal e Crime, esta última tinha uma música que adorava cuja letra dizia mais ou menos assim: “....nunca mais aluguel, nunca mais prestação, cai fora dessa porra! sai mais barato! cai fora dessa e morra!!..” Do Detrito tinha: “....se seu pai pudesse escolher você acha que o filho seria você?! E seguia: “...Você matava aula todo dia, escutava rock ao invés e estudar e sentenciava repetindo o refrão: “...se seu pai...”



Pois é, tudo que a gente sonhava naquela época era uma Festa Punk. Como bem assinalava os Replicantes:

“...Quero uma festa que não tenha Stones, gosto muito deles, mas quero os Ramones. Quero uma festa que não tenha Beatles Se é para recordar prefiro Sex Pistols. Quero uma festa Punk! Quero uma festa Punk!...”

Fica aqui o respeito e admiração a toda essa galera pioneira. Muitos seguiram na estrada, outros se foram, outros tantos seguiram suas vidas longe dos palcos. Fazem muita falta pois não se faz mais punks como antigamente... Punk é papo reto, não faz concessão ao sistema. Punk que cospe em Chico, cospe em Francisco!


BETUCA E GODOY PUNK


 





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3 commentaires

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Cedryck Farias
Cedryck Farias
04 nov. 2022

Essa época realmente era um momento de contestação de toda a classe política sem exceção. O momento em que podemos descobrir que com 3 acordes poderíamos falar o que queríamos. uma grande mudança de pensamentos. texto muito bom

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Roberto Celestino
Roberto Celestino
07 nov. 2022
En réponse à

🤐

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