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Foto do escritorFernando Godoy

Foxtrot

Muito embora desde sempre tivesse formação roqueira, ainda em tenra idade já cultuava o gênero, não passei incólume ao período de adolescência das “boates”. Na minha época (se tiver expressão que denuncie mais a idade do que essa, eu desconheço) o auge era a Foxtrot – para a faixa etária dos 15 aos 25 anos de idade – e a Middô – esta já rolava uma galera mais velha. Das duas, confesso minha predileção pela primeira, onde pude embalar os já distantes tempos de adolescência num local que reunia boa parte da turma jovem de Maceió. Por lá você escutava Depeche Mode, Information Society, Pet Shop Boys, A-Ha, Double You (aliás cheguei a ir a um show deles na década de 90, na Middô) e tantas outras que lembro como Chaka Kan, Rick Astley e por aí vai.

O clima festivo e de paquera reinavam naquele ambiente, a atmosfera do local era mágica, lembro dessa fase com uma nostalgia bem acentuada. Era a boate dos “biquetes” como alguns denominavam, mas no fundo dava muita gata e era isso que interessava. Tudo acontecia na “Fox”; início e término de namoro, pulos de cerca, brigas, porres e muita resenha. Acho que Jean Pierre – Gerente da boate – deve ter sofrido bastante para administrar aquilo tudo. O que tinha de gente querendo entrar de graça ou sair sem pagar não estava no gibi, fora a valentia dos caras. Naquela época o notívago que pudesse colocar uma garrafa de Teacher’s em cima da mesa (que já era outra demonstração de ostentação) tava podendo.

Não há como não registrar que as músicas eletrônicas que rolavam naquela época na Fox eram chamadas de House...

Lembro de vários episódios pitorescos ocorridos na Foxtrot, mas gostaria de narrar em especial o que envolve um amigo desse que vos escreve, cujo sigilo merece ser mantido por questões óbvias como se verá. Refiro-me a um jovem que na ocasião se locomovia mediante muletas em virtude de acidente, quando o citado cidadão resolveu se dirigir ao banheiro, foi surpreendido pelos “amigos” que, esconderam seu amparo enquanto ele usava o mictório. Deixaram o rapaz durante algum tempo desesperado, sobretudo por encontrar-se etilicamente prejudicado, chegando a levar uns dois “baques” e posteriormente tirar um merecido cochilo durante a resenha que lhe foi direcionada, mas tudo na maior amizade...

Já no final dos anos 90 e início de 2000, pude conferir e curtir a boate mais transada da cidade – Aeroporco. Tudo era inovador, cartão para entrar e consumir, tamanho, decoração e o mais legal de tudo, você podia curtir apresentações de algumas bandas de “pop rock” – vá lá detesto essa designação que pode abarcar qualquer coisa dentro desse universo – ao vivo, o que convenhamos era bem legal. Várias bandas locais se apresentavam como L100 e Arcanjo, ainda uma de Recife que gostava muito chamada Máquinas na Pista – sensacional, pois nos brindava com muita música eletrônica de qualidade como New Order e Depeche Mode -, bem como atrações de renome nacional, a exemplo do Jota Quest.

Traziam essas inovações muito provavelmente de Recife, onde reinavam essas casas noturnas, como a Fun House que reunia uns 10 ambientes num só, fora as mais antigas tipo Misty e Over Point, que muito influenciaram a Foxtrot.

Desta época incorporei algumas influências bem legais no meu gosto musical, como Depeche Mode e New Order, que gosto até hoje. Uma pena que não existam mais dessas casas noturnas hoje em dia, será que é conversa de quem está ficando velho ou havia mais diversão naquele tempo?!. Viva as boates!!

GODOY FOXTROT




 


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