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Nem todos esquecem


Em 2000 o selo paraibano Cactus Discos lançou a coletânea Farinha, Hardcore e Rapadura contando apenas com bandas da região nordeste, confesso aqui o meu desejo de ter participado dela com a Misantropia. A capa, criada pelo grande Shiko (@chicoshiko), é uma obra de arte e todas as bandas presentes nela são muito boas. O surgimento da Cactus Discos, que teve uma existência menor do que a merecida, deu um gás na cena nordestina. Foram vários lançamentos que movimentaram o underground nordestino de forma significativa. Em 2001 o meu desejo ter participado da primeira Farinha, Hardcore e Rapadura foi apaziguado, recebemos o convite para integrar a coletânea Minutos de Intolerância. Dentre as várias bandas participantes estava a Raça Odiada (Natal/RN), cujo vocalista era o grande Alexandre “Falante” - todos os seus amigos e conhecidos sabem que este apelido lhe caiu como uma luva. Cada banda participou com quatro músicas e a Raça Odiada abre a coletânea com Exército seguida por Homem Sujo, Rotina para mim rotina para você e Matando o Futuro - uma das minhas preferidas. A identificação com o som da banda foi imediata. Como já comentei em outros textos podemos não ter controle sobre tudo o que nos cerca e ocorre, mas temos a opção de escolher o que queremos. A vida e o mundo vão girando e parece que de alguma forma, planejada ou não, as paradas se encaixam. Nem sempre para o bem, mas é assim mesmo. Não demorou muito tempo para nos conhecermos pessoalmente: Misantropia e Raça Odiada; Sandney e Alexandre Falante. Logo de cara a empatia e a troca de ideias criaram um elo de amizade que nunca se quebrou e nem quebrará. Falante é aquele tipo de pessoa que você não precisa se esforçar nem um pouco para gostar. Vez ou outra conversamos, ele não é muito fã da tecnologia, o papo é sempre finalizada com um “eu te amo”. Sei que vindo dele é de coração, assim como a minha resposta e sentimentos também. Não perco a oportunidade de chamá-lo de Dinho Ouro Preto, porque há uma pequena semelhança dele com esta figura. Neste mais de dez anos de amizade já dividimos o palco algumas vezes em Natal, em Maceió e Arapiraca. Já rolou meio que um mini-turnê deles por estas bandas daqui e os acompanhamos em dois shows. Voltando a falar sobre o Alexandre, a Raça Odiada e a Nem Todos Esquecem, banda atual dele, quem conhece Dead Kennedys e já viu algum vídeo deles terá dificuldade em não associar a performance de palco do Falante com a do Jello Biafra. O melhor disso tudo é que se realmente o Jello for uma referência para a teatralidade e presença de palco do Alexandre, nada soa como uma cópia ou algo forçado. Há semelhanças sim, mas Falante tem sua originalidade, naturalidade e é muito verdadeiro no palco. Aliás, pense em um cara verdadeiro e de coração grande, este é o Alexandre Falante - quem o conhece sabe que não estou mentindo ou exagerando. Alguns anos depois, desculpem a imprecisão com as datas, a Raça Odiada acabou o que resultou no surgimento da Nem todos esquecem (N.T.E). Que já foi duo, trio e quarteto, passou por algumas formações, mas sempre teve Alexandre nos vocais e nunca perdeu sua força. Nestes tempos sombrios é importante destacar a influência de filmes brasileiros na escolha do nome da banda, filmes que retratam situações como miséria, desigualdade social e a ditadura - aquele período da nossa história que muitos teimam em dizer não ter existido, ou pior, exaltam como melhor época deste país. Tem louco para tudo nesta Terra plana. Havia esquecido, mas nas primeiras gravações e apresentações da banda Falante tocava bateria e dividia os vocais com Thiago Serrinha, atualmente guitarra e vocal da Escravos da Ignorância. A discografia da banda é formada pelos Ep’s Agora, Pelo menos por um instante (2011) e Egoísmo (2012). Além dos CDs lançados pelo selo paraibano MICROFONIA: Somos Prisioneiros (2013) e Anatomia da Cidade (2015). Recentemente eles lançaram material novo: o albúm Dor, disponível em todas as plataformas digitais. O que sempre me chamou a atenção, isto desde a época da Raça Odiada, são as letras, a performance do Falante e a sonoridade da banda. Mesmo tendo passando por diversas formações a Nem Todos Esquecem tem uma identidade própria, conseguindo manter uma pegada característica. Suas letras transitam entre as críticas sociais, as vivências e questionamentos individuais e, na minha opinião, carregam um pouco de sarcasmo. Dentre tantas músicas e trabalhos eu tenho as minhas favoritas que serão elencadas por álbum/CD. CD Somos Prisioneiros: Vida Simples e Nem Todos Esquecem. CD Anatomia da Cidade: A tristeza por trás do meu sorriso, Eu só trabalho para pagar minhas contas, Me diga quem é você daqui a dez anos. CD Dor: Dor, Boicote, Consumismo e Matando. Para quem quiser conhecer mais a Nem Todos Esquecem boa parte do material está disponível nas plataformas de streaming, eles também estão presentes nas redes sociais: @nemtodosesquecem. Quem quiser conhecer um pouco mais do Alexandre Falante assistam ao episódio #033 do Podcast Segunda Onda. :: Sandney Farias


 




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