Não consigo narrar minha trajetória de roqueiro sem lembrar de forma fraterna e respeitosa o saudoso Roberto Celestino, pai do meu brother aqui do blog, Betuca. Figura das mais carismáticas e influenciadoras dos amigos do colega aqui do site, como nenhuma outra foi capaz de ser.
Verdadeiro fã e admirador de música e exigente comprador de sons de última geração, mantinha em sua residência (umas das mais legais e aconchegantes que já estive), localizada na Av. Aristeu de Andrade – na rua da Tv Gazeta, um verdadeiro equipamento de caixas de som, amplificadores, TVs de última geração, receivers, esses me lembro bem, da marca Cygnus e um acervo poderoso de “vídeos laser” – para quem não lembra foi uma mídia utilizada no final dos anos 80 e início dos 90, que consistia em um disco do tamanho dos vinis, só que digitalizado e que prometia uma qualidade acima das outras mídias, como VHS. Ainda recordo que em determinada época ele adquiriu um móvel encomendado que girava, proporcionando utilizá-lo nas duas salas contíguas, somente com o girar do artefato.
Nosso eterno “Véio Roberto”, curtia demais música e não deixava de comprar lançamentos, como REM, Queen no Rock in Rio, Tears for Fears, aliás, impossível ouvir a canção Shout da banda, e não associar a figura dele. Sentado em sua cadeira cativa acompanhado de uma dose de Johnie Walker vermelho com bastante gelo, e sempre alegre contando coisas da vida e de suas conquistas, o que, invariavelmente gerava nos ouvintes aquela atenção e admiração. Dotado de uma ironia fina e perspicácia que conseguia reunir uma multidão de pessoas ao seu redor para desfrutar de sua agradável companhia, sempre pronto para aconselhar algum amigo com sua sabedoria, muitas vezes com uma sinceridade cortante, mas necessária.
Em várias oportunidades que chegava por lá ele já ia colocando seus vídeos lasers e começava a resenha. Sempre que escolhia o do Queen, ia logo para Love of My Life e depois de muita insistência minha ainda ouvia Bohemian Rhapsody. Após um tempo passou a gostar, também.
Como se esquecer dos almoços de sábado e domingo, muitas vezes com dezenas de pessoas, sempre embalados por música de qualidade; ou ainda as macarronadas das sextas-feiras, todas acompanhadas de sua inigualável Chef, Augusta e sua merecida fama de cozinheira de mão cheia.
Pois é, ele exerceu em mim uma influência muito forte tanto na música como em minha vida pessoal e formação como ser humano, tenho uma saudade danada e nutro uma admiração como se ele ainda estivesse vivo, apesar dos mais de quinze anos que se foi. Existem pessoas que passam por esta vida terrena sem deixar marcas, definitivamente não foi o caso do “Véio Roberto”!
GODOY CELESTINO
Realmente fomos privilegiados em conviver com aquela figura ímpar.
Devo meu gosto musical eclético por absoluta influência da variedade de artistas e bandas, que ouvi desde menino, de Luiz Gonzaga, MPB, samba ao Jazz. Foi um verdadeiro setup do ouvido.
Agradeço demais, irmão! Quem conheceu o véio sabe que não há exagero nas tuas palavras.
Um brinde ao RC!