Essa categoria muito me agrada, porque entendo como uma reparação a ser feita, no meu sentir, acerca dos discos que foram subvalorizados por críticos da indústria que resolveram detonar trabalhos que julgo muito bons, mas que foram mal avaliados na época em que foram lançados ou ainda mal recepcionados pelo público.
Confesso, ainda, achar menos difícil do que listar os dez piores ou coisa do tipo. Chega de conversa mole e vamos a relação.
1 – Flick of the Switch (1983) – AC/DC – Essa banda permeia minha vida, têm disco em tudo quanto é lista, dez melhores álbuns, dez melhores ao vivo, mais superestimados... E como não podia faltar, trago aqui como subestimado, pois simplesmente adoro este disco do início ao fim. Como já mencionei em post anterior, adquirir o álbum mediante ‘escambo’. Rising Power, This house is on fire, Nervous Shakedown (maravilhoso riff de abertura), a faixa título que me lembro bem do clipe que assisti pela primeira vez no programa FM TV, da extinta TV Manchete (típico registro de roqueiro mofado). No “vídeo clipe”, o guitarrista base, Malcon Young chega a estourar uma das cordas, mas continua tocando. Além de inúmeras outras, como Guns for Hire, Deep in the Hole e por aí vai. Sempre citado como um dos discos mais fracos dos caras (junto do Fly on the Wall, outra heresia), discordo veementemente, pois adoro o álbum, acho ele melhor , por exemplo, do que o For Those..
2 – Born Again (1983) – Black Sabbath – Um álbum quase que ignorado pela crítica, mas que julgo excepcional. Adoro esse disco que adquiri no ano de lançamento por aqui (acho que 84 ou 85), mostra o registro histórico de participação única do excepcional vocalista do Deep Purple na banda e não poderia ser mais marcante e pesado. O disco abre com Trashed, uma paulada que já demonstra quão em forma estava Ian Gilan, nos vocais; na sequência, temos Stonehenge, instrumental nos teclados que poderia ser trilha sonora de qualquer filme de terror; a sinistra e perturbadora Disrturbing the Priest; continua ainda com as muito boas, The Dark (introdução para próxima faixa), Zero The Hero, uma das melhores e trás um entrosamento dos vocais de Gilan com o guitarrista Toni Iommi, perfeito; ainda temos a excelente Digital Bitch e a melhor do disco – Born Again, uma balada cantada com uma personalidade ímpar, dando uma aula de como cantar transitando em tons suaves a agudos que são de tirar o fôlego, como por exemplo, quando entra o refrão. Cheguei a escrever em post dos dez melhores álbuns que o Sabbath, no início, procurava um som que demonstrasse medo como nos filmes de terror. Na minha opinião, esse disco atingiu o objetivo em cheio.
3 – Creatures of the Night (1982) – Kiss – Já comentei sobre esse disco em um post antigo e achar que este álbum foi um dos mais marcantes que já escutei e não é por menos. Disco pesado e que contém inúmeras músicas de qualidade, mas não fora bem recepcionado nos EUA e pela crítica, apesar de diversos fãs, assim como eu, adorarem. Marca a saída de Ace Frehley (apesar dos créditos) e chegada do excelente Vinnie Vincent. A faixa título inicia com uma bateria firme e ritmada com um riff de guitarra consistente e o vocal de Paul Stanley na ponta dos cascos, abertura melhor não poderia ter; segue com Saint and Sinner, com uma ótima cozinha, baixo e batera na faixa e o vocal marcante de Gene arrepiando; conta ainda com as bem legais Keep Coming, Rock and roll Hell e Danger; continua com a arrasa quarteirões e responsável pelo estrondoso sucesso da banda no Brasil, I Love it Loud (quem não cantou Yeah Ye Ye Ye Yeah em 1983, não estava vivo); emenda com a belíssima balada I Still Love You (música de Brian Adams), onde se destaca o fenomenal batera Eric Carr e a versatilidade vocal de Paul Stanley; a toada continua com a excelente Killer e finaliza com a extraordinária War Machine. Discaço, que é totalmente subestimado. Tendo sido um fracasso de vendas nos EUA e seguramente impulsionou a banda a se apresentar em lugares ainda não tocados, como o Brasil. Ainda bem...
4 – Condition Critical (1984) – Quiet Riot – Sendo a banda considerada como precursora do glam metal, sobretudo pelo estrondoso sucesso que obteve com o disco anterior – Metal Health. No caso deste álbum que gosto bastante, aliás, foi o primeiro que comprei, não teve a mesma repercussão que seu antecessor, mas o disco é muito bom e está longe, em minha opinião, das duras críticas que recebeu quando foi lançado. Disseram os críticos que a banda “repetiu” o disco anterior ou ainda a piada infame da revista Rolling Stone: Condition Terminal. Discordo totalmente, pois acho o álbum bem legal e contém várias músicas e bem marcantes, a exemplo da primeira faixa, Sign of the Time – muito boa com uns arranjos de guitarras interessantes de Carlos Cavazo e a cozinha perfeita de Rudy Sarzo (baixo) e Frank Banalli (bateria), além do vocal marcante de Kevin Dubrow; depois, outra bela e animada versão do Slade –Mama Weer Crazee Now, assim como já haviam feito no Metal Health com Cum Feel the noise; Party All Night e Stomp your Head and clap your feets, duas faixas bem legais que exalam o clima festeiro da banda e a vontade de cantar juntos os refrões; Winners Takes All – vá lá é uma balada meio fraca, e poderia ser mais curta, mas tem um solo majestoso de Cavazo; a faixa título é muito boa, talvez a melhor do disco e tem um andamento bem legal começa meio lenta (nessa parte dá pra ver a batida segura de Banali) e a estileira de Sarzo no baixo; Scream and Shout, retoma o clima de festa e o bom hard rock, com um refrão bem legal e que dá vontade de cantar; Red Alert – mais um bom hard rock bem divertido com um solo de guitarra diferenciado; segue com a boa Bad Boy e finaliza bem com (We Were) Born to Rock, que seguramente teve duas guitarras gravadas no estúdio e soa mais preenchida do que as demais. Disco muito bom, mas subestimado pela crítica.
5 – Turbo (1984) – Judas Priest – Disco desta fabulosa banda gravado com guitarras sintetizadas e responsável pelo ingresso da banda no Glam Metal, causou na época estranheza nos fãs e na crítica pelo visual “laqueado”, bem como pela suavização no som, mas eu adoro esse trabalho dos caras. Na música de abertura: Turbo Lover (único hit tocado nos shows até hoje), já dá para sentir o som sintetizado e a pegada mais comercial de que falei, mas o andamento da canção é muito boa e demonstra toda versatilidade dos vocais de Halford e tem um refrão muito bom e no solo, de novo dá para sentir as guitarras sintetizadas até com mais facilidade; Locked In, novamente mantém toda “novidade” das guitarras sintetizadas, inclusive no riff de abertura dá para perceber a diferença, que confesso achar muito bem encaixada na música, teve até um clipe de lançamento. Todo o restante do disco tem essa pegada mais “light” que a banda estava enveredada naquele momento visando o mercado americano. Muitos fãs torcem a cara por esse disco, mas adoro até hoje. Aqui quero até dizer que sou fã da fase mais pesada introduzida a partir do excelente Painkiller. Nota dez neste disco que foi tão criticado, tipo: “os caras se venderam”. O fã do Judas se parar para curtir, vai gostar, principalmente se não for através dos cilpes e shows da época, onde sobrava laquê e maquiagem (coisas do período).
6 – The Ultimate Sin (1986) – Ozzy Osbourne – Assim como no caso do Judas, o Príncipe das Trevas entrou com mais de mil, na fase do paetê e das lantejoulas, basta ver os shows da época, mas o disco é muito bom (até o próprio Ozzy não gosta muito da fase) e o tenho em lugar de destaque entre os álbuns do astro. Abre com nada mais nada menos que a faixa título – um hard rock na medida certa, com Jake E. Lee provando o porquê de ser considerado um guitarrista tão brilhante, riff de arrepiar e solos de tirar o fôlego, um Ozzy “afinado” para os próprios padrões Ozzy – a música tem um clipe hilário dele como um magnata alucinado; segue com as muito boas, Secret Loser, Never Know Why, Thank God for The Bomb e Never; entra Lighting Strikes com um excepcional riff de abertura de guitarra bem ao estilo hard/heavy e logo em seguida, na minha opinião, a melhor música do disco: Killer of Giants – Musicaça destas que tem todos os elementos místicos e marcantes de uma banda de Heavy, introdução no violão, teclados na medida certa, melodia crescente e relativamente complexa, variações de andamentos de guitarra (solos velozes e bases seguras), bateria, baixo e o vocal do príncipe em dia. Não consigo entender porque eles não tocam mais essa fenomenal música nos shows. O álbum ainda contém a bem legal Fool Like You e fecha de forma brilhante com o hit grudento de Shot in the Dark. Disco que merece tudo quanto é elogio. Para mim esse álbum é top 3!
E aí? O que vocês acham? Muita coisa ficou de fora? Coloquei alguma heresia na lista? Comenta aí!
GODOY LISTEIRO
Dogma cultural: toda lista é polêmica.
Ainda bem!
Tente fazer uma discussão em mesa de bar sobre melhores filmes, jogadores (futebol) por posição, capas da playboy, bateristas, cervejas... Não há consenso. Claro, tem sempre o Poderos Chefão, Pelé, Marcela Prado, Neil Peart e a Antártica azul raíz que estarão quase em todas, não é?
Mas polêmica sempre tem.
Quanto à lista em questão, minha opinião não leva em consideração a crítica especializada, vendas ou repercussão midiática. Minha opinião tem como referência apenas o índice "mesa de bar', mais autêntico e confiável que esses Data qualquer coisa... então vamos lá:
Da lista do Godoy não concordo com o Creatures of The Night (Kiss) e Condition Critical (Quiet Riot). Os demais 'assino…
Rapaz, lista nasceu pra ser questionada. vou discordar do Creatures of the Night, acho que esse disco, além de ter vendido muito, notícia acessorada pelo nosso amigo Tadeu Breda, muitas músicas são clássicas até hoje. Caso de I Love it loud. Esse estaria fora da lista.