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Foto do escritorFernando Godoy

ROCK CINE MORRISON


Não há melhor combinação, do que o bom e velho rock’n’roll com a sétima arte. Muitas cinebiografias de lendas do rock arrastaram multidões ao cinema, ante a inegável simbiose entre as artes que se completam de forma plena, ao menos para mim. Neste caso, gostaria de falar sobre o filme The Doors, de Oliver Stone, lançado em 1991 e que teve como protagonista, Val Kilmer, no papel do inigualável Jim Morrison – líder, vocalista e principal letrista da banda. O astro de Holywood está assustador no papel principal do talentoso vocalista da banda sessentista norte americana, onde se pode perceber um desenvolvimento do personagem que beirou a perfeição. A película faz jus ao propósito que a maioria desses filmes se dispõe, qual seja, angariar um número maior de fãs, sobretudo os mais novos, e nesse quesito o filme desempenhou seu objetivo com maestria. Eu mesmo conhecia muito pouco da banda na época (1991), havia ouvido antes, através de outro filme – Garotos Perdidos, uma história de vampiros dos anos 80 (acho que é de 1987), onde tem a música People are Strangers, numa versão do Echo and the Bunnymen, que me remeteu ao The Doors, tendo me chamado bastante atenção naqueles tempos, mas confesso que não conhecia muito até o lançamento da fita nos cinemas, além do clássico Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola, onde é entoada a canção The End , bem marcante por sinal. O que me leva a endossar mais uma vez esse verdadeiro entrosamento do mundo do cinema com a música. Mas entrando no enredo propriamente dito, percebemos que os roteiristas acertaram ao focar em Jim Morrison/Val Kilmer, tendo em vista se tratar do membro da banda mais brilhante, carismático e controverso, com o perdão do eufemismo, pois se tratava de figura que abusou como ninguém, das drogas. Temos ainda, num destacado papel, o ator de Veludo Azul – Kyle Mclachlan, como o tecladista Ray Manzarek, uma espécie de trilha sonora perfeita para os vocais de Morrison. O filme ainda tem como destaque a namorada doidona Pamela, desempenhada pela sempre competente Meg Ryan. Logo de início, percebe-se o lado poético de Morrison, nas areias da praia de Venice, na Califórnia, captadas com toda maestria do bom diretor, Oliver Stone.

Na sequência, vê-se de forma quase improvável a natureza tímida do astro, passada com muita veracidade por Val Kilmer – que sem sombra de dúvidas fez um excelente trabalho, fato reconhecido unanimemente. A cena onde ele se apresenta de costas para o palco, com inegável timidez escancarada e “descobre”, ter uma presença de palco marcante, dá o tom do que se transformaria o astro dali pra frente. Desse ponto em diante o filme tenta retratar sua briga interna em ser escritor ou astro de rock e as viagens do King Lizard – uma espécie de alter ego de suas loucuras de ácido que o acompanharam por toda sua curta vida. Talvez tenha havido exagero quanto às loucuras de Jim, como depois afirmaram os demais membros da banda, mas de qualquer forma trata-se de uma obra prima cinematográfica, sobretudo na produção, e principalmente diante da assustadora semelhança entre a personagem e o ator. Diria que em determinados momentos é quase impossível não crer que se tratava do próprio Morrison reencarnado nas filmagens. A trilha sonora é bem interessante e faz um apanhado geral da carreira da banda, em especial duas canções cantadas pelo próprio Val Kilmer – Moonlight Drive e My Wild Love dado ao grau de comprometimento do ator com sua personagem. Mas estão lá seus principais clássicos, The End, Break on Through, Rides on Storm, People are Strangers, Love Street, Roadhouse Blues, LA Woman, Light My Fire, maior hit da banda que fora composta pelo guitarrista Robby Krieger e não por Jim, cuja cena de criação da canção é bem interessante, tendo em vista que fora escrita sem a parte do teclado (traço marcante da música) e somente depois inserida por Ray Manzarek, conferindo a canção ares especiais e ao filme àquelas típicas cenas grandiosas que terminam por marcar de vez os filmes do gênero. No fundo há bastante clichês apelativos, como as cenas de drogas e sexo, mas não retiram do filme o brilho, em razão da fabulosa interpretação de Val Kilmer, digna de Oscar. O expectador do filme sai muito interessado em consumir essa icônica banda americana, que foi considerada, diria até que mal considerada, por alguns, como a resposta americana aos Beatles. Mas isso são as velhas polêmicas do rock’n’roll que não podem faltar. E o filme ainda conta com uma luxuosa participação especial de um fã incondicional da banda, Billy Idol, que só não ganhou um papel de maior destaque, devido a um acidente de moto que o deixou sem andar.

Seja você fã ou não de The Doors, vale a pena assistir a esse filmaço biografia. Considero um dos melhores do gênero.

GODOY MORRISON

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5 Comments

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Antonioni
Antonioni
Nov 03, 2021

Boa recordação, assisti no cine arte pajuçara. Muito bom, depois do filme foi que comecei a ouvir a banda.

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godoyadvocacia7
godoyadvocacia7
Nov 04, 2021
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Verdade. Passou no Cine Art Pajuçara.

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Cedryck Farias
Cedryck Farias
Nov 01, 2021

Rapaz, pra mim esse é disparado a melhor biografia do cinema. Inclusive acho que o the doors ficou ainda mais conhecido depois do filme. Muito bom.

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godoyadvocacia7
godoyadvocacia7
Nov 04, 2021
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Esses filmes possuem uma força que impulsiona carreiras como nenhum outro canal. Exemplo claro disso, foi o filme do Queen. O que a garotada começou a ouvir e consumir da banda não tá no gibi. A começar dos meus filhos...

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